O jeans tem data celebrativa no calendário - 20 de maio
Nenhuma peça manteve o status de juventude ao longo de 139 anos como o jeans. Desde as primeiras peças em tecido resistente para vestir mineradores do Oeste americano até os dias atuais, a trajetória do denim faz seguidores pelos quatro cantos do planeta, sem jamais perder o frescor e o espírito libertário que o consagraram. E tem data celebrativa no calendário - 20 de maio é o Dia do Jeans.
“O denim é um tecido versátil: possibilita vários jeitos de construção, modelagens diversas, assim como agrega infindáveis técnicas de lavanderia. Uma peça em jeanswear nos acompanha pela vida, adequando-se com o passar dos anos”, destaca a estilista da DTA, Bárbara Oliveira.
Para o inverno 2012, esse velho de espírito jovem flerta com a geração paz e amor, recriando modelagens com movimento, como a calça flare, de cintura alta, perna afunilada até o joelho e barra bem ampla, ao estilo boho chique dos anos 1970.
O modelo valoriza as formas do corpo e alonga a silhueta, uma vez que pode ser usado com poderoso salto plataforma. Para arrasar no visual de inverno, a dica de Bárbara é equilibrar a calça jeans flare com blusas e casacos menos volumosos. Camisas de laço em seda, chifon ou georgete, blusas com detalhes em prega, jaquetas em alfaitaria e blazers mais sequinhos são algumas opões para deixar o look mais refinado. Os calçados flat ou rasteiros por hora são abandonados. Entram em cena saltos grossos e altos presentes em abotinados e sapatos em camurça e com textura para alongar a silhueta e deixar as produções mais luxuosas.
Em sintonia com o tema country, herança da década de 70, o jeans da temporada adquire aspecto semelhante ao couro. Não à toa a Vicunha Têxtil lançou para o inverno a família de couro-jeans Vintage Leather, uma evolução do CarboLumen, sucesso há algumas edições em índigos e brins que aliam a respirabilidade do algodão com o luxo do couro.
Enquanto no CarboLumen o efeito lustroso se dá pelo amaciamento e é destacado pelo contraste de brilho e opacidade na costura, o Vintage Leather é o tecido que desbota, o verdadeiro couro envelhecido.
Jeans para toda hora da Bobstore para o inverno 2012, jeans com tingimento black é uma das apostas da Civil (foto Weber Pádua), colete e calça skinny em dupla imbatível da Civil (foto Weber Pádua), a DTA investiu no look luxo para o inverno 2012.
Desfile da G Star na Semana de Moda de Nova York (foto AFP), alfaiataria de luxo no jeanswear do inverno 2012 da Letage, o novo jeans com cara de couro no inverno 2012 da Riachuelo, look low profile da Dzarm para o inverno 2012
Boyfriend ainda resisteEsse tipo de acabamento no jeans ressuscitou looks inspirados em caubóis, com apostas no índigo com acabamento marrom em calças, saias, casacos e jaquetas combinadas com camisas e acessórios florais, xadrezes e com desenhos étnicos. Grifes icônicas como a Diesel Black Gold e a G Star não se furtaram ao jeans-couro.
No Brasil, marcas como João Pimenta (masculino), Uma (linha de acessórios) e RK Denim, de Renato Kherlakian, aderiram ao charme desse material.
O descolado modelo boyfriend continua a marcar presença nas araras da temporada. O shape mais soltinho estende seu território para os shorts, que migram para o guarda-roupa do frio. A imbatível skinny, por sua vez, demarcou território com o slogan ‘vim para ficar’. A DTA recriou o modelo Power stretch, que valoriza sobremaneira curvas e promete grande poder de mobilidade. Para Bárbara, o principal atributo do modelito é levantar o bumbum.
O escuro chique do vintageAs produções mais refinadas e com foco na elegância do inverno abandonaram metais, bordados e outros aspectos decorativos. Dez entre dez marcas do segmento apostaram no visual vintage, evidenciado nos processos de tingimento e lavanderia do jeanswear. São eles que deixam o índigo com cara de usado ou tão azul quanto o tom que democratizou a peça.
Mas a principal inovação no segmento são os preceitos de sustentabilidade, que recriaram o jeans com cara de bruto e em tons escuros neste inverno, reflexo da diminuição do consumo de água durante as lavagens e processos químicos.
A tecelagem Tavex desenvolveu o projeto Acquasave, com fabricação da linha Acquaflash, em puro índigo, e do Acqua Spirit, em sarja com trama tinta, ambos produzidos com tecnologia que possibilita processos mais rápidos na lavanderia, privilegiando a economia de água, o reaproveitamento e a redução do consumo de energia térmica. Os itens substituem também os químicos convencionais, que dão lugar aos de baixo impacto ambiental, como o amaciante natural Alsoft Amazontex da Tavex à base de cupuaçu.
Na mesma onda, a Levi’s lançou para o inverno 2012 a linha Water Less, que reduz em até 96% o uso de água em seu processo de acabamentos. Mostrada pela primeira vez há um ano, hoje a Levi’s comemora a economia de mais de 172 milhões de litros de água nos 13 milhões de produtos Water Less produzidos nesse período.
Os jeans Levi’s Water Less reduziram o consumo de água no processo de acabamento através de mudanças simples como redução do número de ciclos na máquina de lavar - combinando múltiplos processos de ciclo úmido a um único processo –, incorporação do processamento com ozônio na lavagem das peças e remoção da água da estonagem.
A trajetória do azul* A cor azul foi uma brilhante ideia do empresário e criador do jeans, Levis Strauss que, em 1890, resolveu tingir o brim cru da cidade de Nîmes, na França, com uma plantinha indiana de nome Indigus. Daí a corruptela índigo.
* Já a palavra jeans nasceu na Itália, mais precisamente da cidade portuária de Gênova. Isso porque no século XVI os marinheiros genoveses apelidaram suas calças de trabalho de “genes”, abreviação de Gênova. O forte sotaque italiano para “genes” se estendeu para jeans mundo afora.
* O tingimento de tecidos é responsável por 17% a 20% da poluição da água usada na indústria, de acordo com o Banco Mundial. Já existe hoje a pigmentação através de vapor (secador ou forno), evitando os processos convencionais de fixação do corante efetuados por exaustão (banho), o que se traduz em menor tempo de processo e maior economia de água.
* Com o final da guerra e a vitória dos países aliados, encabeçados pelos Estados Unidos, os soldados americanos viraram heróis populares, principalmente na Europa. Os uniformes passaram a ser manufaturados. Nascia, assim, o workwear, a roupa do trabalhador, enquanto o jeans se consolidava como símbolo de rebeldia. Os grandes astros da época usavam o tecido em calças e jaquetas para interpretar personagens quase sempre rebeldes.
* Não demorou para que os jovens no mundo inteiro, seguindo o estilo dos ídolos da telona, passassem a usar peças em jeans.
* Antes dos anos 80, o jeans chegava ao consumidor final sem lavagem alguma e enrijecido pela goma.
* As lavanderias industriais surgiram na sequência para amaciar o jeans e dar conforto às calças. A expressão stone wash utilizava pedra e reproduzia efeitos de envelhecimento. A tecnologia de beneficiamento do jeans não para de evoluir e criou termos peculiares como super-stone, destroyed, delavê, used e muitos outros.
* O Brasil é o segundo maior produtor de denim do mundo, segundo Relatório Têxtil do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI). O país, que já produziu, em 2005, 6,4 milhões de calças jeans, ao preço unitário de US$ 8, fabricou, em 2010, pouco mais de 320 milhões de peças jeanswear, incluindo jaquetas, camisas, vestidos, calças, bermudas e macacões. O câmbio, a crise mundial, o custo Brasil, as restrições da Argentina e o avanço da produção chinesa fizeram com que a exportação de denim despencasse no Brasil.
Fonte:
http://www.hojeemdia.com.br/
